Qual o momento ideal e tipos de investimento para startups
Após mais de três meses de pandemia no Brasil, muitos negócios precisaram passar por adaptações e mudanças de rumo. Os impactos foram sentidos em praticamente todos os setores e portes de empresas, mas especialmente por aquelas em estágio mais inicial, preservar caixa passou a ser a nova regra. Pesquisar e entender sobre os diferentes tipo de investimento para startups pode ser um bom caminho neste momento.
Do ponto de vista dos investidores, há um congelamento no processo de tomada de decisão especialmente por conta da dificuldade de enxergar que tipo de futuro essas startups terão. As contas foram altamente afetadas na maior parte dos casos, e a estruturação interna das empresas precisou ser alterada — seja para o modelo home office, seja aplicando mudanças nas orientações trabalhistas como redução de jornadas e salários ou até mesmo demitindo colaboradores.
Este é um cenário no qual os investidores, principalmente os fundos de Venture Capital, têm maior dificuldade de identificar o potencial dos negócios e, por consequência, decidir investir. No entanto, há dinheiro em caixa e os investidores não podem e nem querem parar de trabalhar: eles precisam encontrar empreendedores dispostos a se reerguer.
Então, prepare a sua startup e não desista da busca por recursos. O resultado pode demorar mais para chegar ou vir por rodadas menores do que o padrão, mas ele acontecerá.
Os principais tipos de investimentos para startups
Entre os principais objetivos das startups ao buscar canais para captar recursos financeiros estão a validação do modelo de negócio, a definição do Product Market Fit, o crescimento da empresa e o ganho de escala.
Entre os diferentes tipos de investimentos possíveis para startups, existem aqueles que oferecem apenas os recursos financeiros, enquanto outros entram também com expertise para ajudar a conduzir o negócio tecnicamente a um crescimento.
Vamos conhecer os principais tipos de investimentos para startups:
Bootstrapping
No caso de algumas empresas, o investimento é feito com recursos dos próprios sócios-fundadores e do reinvestimento da receita obtida pela empresa, o que se chama Bootstrapping. É a forma como a maioria das empresas começa, pois captar recursos é um processo que demanda preparo e conhecimento, então tende a acontecer mais para frente na trajetória da empresa. Para rodar e ter seu negócio validado dentro de um período de seis meses, startups têm um investimento médio de R$ 150 mil.
FFF (Family, Friends, Fools)
A obtenção de recursos financeiros por meio da estratégia conhecida no universo das startups como FFF (Family, Friends, Fools), onde os empreendedores contam com algum aporte vindo de familiares, amigos ou os “tolos”, que são pessoas próximas e que não necessariamente dispõem de conhecimento para auxiliar a empresa, mas querem ver ela dar certo e investem. Neste caso o empreendedor levanta recursos para viabilizar a empresa, validar MVP ou mesmo conquistar os primeiros clientes. Nesta modalidade, os valores levantados giram em torno de R$ 25 mil e R$ 50 mil.
Aceleradoras e Incubadoras
Uma das formas mais disseminadas no ecossistema de empreendedorismo de se conseguir algum tipo de investimento em estágios mais iniciais da startup, além de obter orientação de negócio, é por meio de programas de capacitação, aceleração e incubação. Especialmente nos dois últimos casos, os programas entram com dinheiro ou outro tipo de apoio em startups que são aprovadas dentro dos critérios de seleção e oferecem mentorias, rede de contatos e desenvolvimento de negócio.
No caso de aceleradoras, é comum a entrada com participação no capital da startup, de no máximo 20%, e elas focam em negócios com rápido potencial de crescimento e escalabilidade. As incubadoras, por outro lado, entregam os benefícios muito mais em ferramentas como espaço de trabalho, acesso a softwares de gestão de marketing, vendas e demais funcionalidades, sem entrar necessariamente com dinheiro e não se tornando sócia das empresas e atendendo também empresas com escalabilidade não tão rápida.
Investimento Anjo
Os investidores-anjo são, normalmente, pessoas físicas que dispõem de recursos financeiros e expertise para investir em startups. Costumam ser feitas rodadas das quais diversos investidores participam, permitindo assim aumentar o montante recebido pela empresa. O valor aportado não costuma passar de R$ 500 mil por rodada, e a participação societária fica entre 5% e 15%.
Para avançar para esta etapa a sua startup deve ter, preferencialmente, um produto pronto e já rodando com os primeiros clientes. Investidores-anjo ficam de olho no mercado e buscar perceber oportunidades, então você deve preparar a sua empresa com relação ao pitch e plano de negócio e buscar investidores que se encaixem no nicho do seu negócio para entrar na mira desses profissionais.
Capital semente (Seed)
Com ticket de investimento muito parecido aos investimentos anjo, o capital semente (também conhecido como Seed Money) é aportado por grupos de investidores organizados enquanto pessoa jurídica. Este processo reduz o risco corrido por cada investidor e aumenta o montante final a ser investido.
Os investimentos nesta modalidade podem variar de R$ 300 mil a R$ 2 milhões, e costumam ser realizados em fases bastante iniciais de conceituação da solução, oferecendo apoio na definição de seu Product Market Fit.
Venture Capital
Quando a startup está mais avançada em sua organização, com uma boa base de clientes e um processo de vendas estruturado, pode ser o momento de buscar investimentos de Venture Capital. Nesta modalidade a empresa precisa comprovar que possui alto potencial de crescimento acelerado e rentabilidade, e que pode variar entre R$ 2 milhões e R$ 10 milhões com transformação do fundo investidor em sócio da empresa.
A modalidade é formada por investidores profissionais de capital de alto risco que se juntam em grupos onde cada um entra com o mínimo de R$ 500 mil podendo com o objetivo de ter ações valorizadas para posterior saída da operação, ao mesmo tempo em que apoia o crescimento acelerado de uma startup com grande potencial de mercado.
Durante a pandemia esta foi uma modalidade bastante afetada, considerando seu alto risco. A falta de previsibilidade sobre o desenvolvimento das startups neste cenário de incertezas faz com que os investidores dêem passos mais cautelosos. Como mencionado no início deste artigo, isso não significa que você deve desistir de buscar recursos, só alinhar sua expectativa com a realidade do mercado no momento.
Investimentos Série A, B e C
Dentro dos investimentos de Venture Capital são determinadas diferentes rodadas que têm como objetivo identificar em que momento a startup está de sua captação de recursos. Assim, quanto mais rodadas de investimento recebidas, mais estruturada considera-se a startup, tornando-se mais atrativa para investidores por representarem menor risco que praticam valores muito mais altos.
Conforme as rodadas vão crescendo, são beneficiadas startups em momentos diferentes de maturidade, trazendo diferentes níveis de risco, investimento e retorno e visando diferentes objetivos. Conheça mais sobre as rodadas de investimentos Série A, B e C.
Venture Building
Com o objetivo de funcionar como uma alternativa para auxiliar empreendedores a desenvolverem soluções que se encaixam em necessidades do mercado e reunir um time apropriado, surge o Venture Building.
A modalidade reúne investidores experientes que ao invés de buscar startups, buscam empreendedores para formar um time. A ideia é promover o compartilhamento de recursos e proporcionar a troca de experiências buscando aumentar o aprendizado e reduzir custos que podem ser evitados em fases mais iniciais. Assim, as chances do negócio falhar são reduzidas e o investimento tem maiores possibilidades de sucesso.
Private Equity
Pensando em uma fase já de escala, fundos de Private Equity funcionam por meio do aporte de valores superiores aos fundos de Venture Capital, acima de R$ 10 milhões. A trajetória mais comum para chegar a este nível de investimento é a empresa ter passado por diversas outras grandes rodadas e ter conquistado uma relevante confiança de mercado.
É importante lembrar que quando caminhamos para estes níveis mais altos de risco de investimento as regras se tornam mais rígidas, com participação mais intensa dos investidores nas reuniões de conselho e diretoria para determinar caminhos pelos quais a empresa deve seguir em busca do atingimento dos objetivos traçados em conjunto.
IPO (Initial Public Offering)
Aqui já é um nível super avançado, conquistado por empresas como Microsoft, Uber e Apple, que é quando o capital da empresa é aberto na bolsa de valores, mas pode estar nos planos da sua empresa. Neste estágio, qualquer pessoa pode comprar ações da sua empresa, e ela tem a possibilidade de seguir expandindo e até mesmo de se internacionalizar. Como é de se esperar, é necessário ter um tamanho suficiente e uma estrutura compatível com os objetivos e a sua realização.
As recomendações de especialistas para momentos de crise na economia, como foi o caso durante a pandemia do novo coronavírus no Brasil e no mundo, giram em torno de estender caixa e ganhar tempo, para depois pensar em investimentos grandes. Entra nisso o desenvolvimento de um “plano de sobrevivência” de um a dois anos, considerando estratégias que podem ser utilizadas para contribuir com isso, e a captação de recursos por meio de linhas de crédito para micro, pequenas e médias empresas.
Para saber mais sobre os momentos e tipos de investimentos para startups possíveis, acompanhe o blog do Startup SC.