Destaque no ecossistema brasileiro, mapeamento inédito do Sebrae Santa Catarina analisa 1.301 startups no Estado
Florianópolis é a principal concentração de startups do Estado, com 37%, mas dos 295 municípios catarinenses, 78 possuem pelo menos uma startup, segundo estudo
Estudo inédito do Sebrae de Santa Catarina mapeou 1.301 startups no Estado, com informações sobre localização, modelos de receitas, faturamento médio, com a maturidade e estágios dos negócios. Segundo o levantamento, 10 cidades concentram 80% das startups catarinenses, sendo Florianópolis, Joinville, Blumenau, Criciúma e Chapecó os principais polos. Quase 43% das empresas estão na etapa de operação, tendo já passado pelos estágios de ideação e validação — apenas 6% das startups estão em momento de escala.
Para realizar o mapeamento, foram examinadas empresas de inovação e de tecnologia a partir de um trabalho minucioso de pesquisa e consulta ao banco de dados do Sebrae/SC e de parceiros que fazem parte do ecossistema de startups catarinense, além de informações públicas do governo. O mapeamento mostra que as oportunidades se estendem por todo o estado: dos 295 municípios catarinenses, 78 possuem ao menos uma startup, e dentre as empresas estudadas, 120 estão nas regiões do Oeste (7%) e Meio Oeste (3%) catarinense.
Dados sobre o faturamento das startups mapeadas em Santa Catarina são expressivos. Consideradas Empresas de Pequeno Porte (EPPs), 316 (24%) empresas conquistaram entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões de faturamento e 41 (3%) estão acima desses valores, sendo enquadradas como médias ou grandes empresas. Para atingir esses números, 32% dos negócios geram receita através de SaaS (Software as a Service ou software como serviço, em português). Em relação aos modelos de negócio, 612 empresas fazem tecnologia para outras empresas (B2B), enquanto 292 comercializam soluções que ocorrem entre empresas, mas com o objetivo de atingir o consumidor final (B2B2C).
Através da pesquisa é possível perceber não só o crescimento do ecossistema no estado, como também a maturidade: das startups mapeadas, 589 estão há cinco anos ou mais no mercado. Além disso, 43% estão em fase de operação, que é quando o negócio já conseguiu validar seu MVP (sigla para Minimum Viable Product ou Produto Mínimo Viável, em portugues) e chegar à versão oficial do produto ou serviço, e 23% em fase de tração, quando a startup já está consolidada e agora precisa expandir a operação e aumentar a carteira de cliente.
Um dos desafios do ecossistema catarinense está na diversidade de gênero entre os sócios e co-fundadores: 85% deles são homens, com a participação feminina ainda pouco representativa. Já no contexto de idade, a maior faixa está entre 31 e 40 anos, 46% do público mapeado.
Segundo Carlos Henrique Fonseca, Diretor Superintendente do Sebrae/SC, o estudo revela as características que fazem do estado polo de referência em startups no sistema Sebrae e que contribui para fortalecer e promover iniciativas voltadas ao setor. “Não tenho dúvidas de que explorando a potencialidade das nossas startups e unindo forças com a equipe dedicada que temos no Sebrae/SC, seremos cada vez mais referência, provando nosso potencial para o desenvolvimento do ecossistema de inovação e tecnologia de Santa Catarina e do país”, explica.
Para Luc Pinheiro, um mapeamento como o realizado é de extrema importância para o cenário de startups em Santa Catarina. “Além de trazer visibilidade ao estado, contribui para que possamos entender o cenário sobre este mercado, identificando dificuldades e potenciais para as empresas catarinenses”, explica o Diretor Técnico do Sebrae/SC. “Este é o primeiro mapeamento oficial do Sebrae/SC e esperamos tê-lo periodicamente a fim de fortalecer o ecossistema de startups, ambientes de inovação, programas e ações ofertadas às universidades e aos institutos de ciência e tecnologia, aos fundos de investimento, às políticas públicas e às governanças”, completa.
Desde 2021, dados apontam Santa Catarina como líder em número de startups no Brasil
A análise realizada pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups) e Accenture, aponta Santa Catarina como líder absoluto em número de startups no Brasil levando em consideração o número de habitantes. Em 2021, houve crescimento de 28,4% no número de empresas, e Florianópolis, Joinville, Blumenau, Criciúma e Chapecó são os polos com maior concentração de startups e referência em tecnologia, ficando entre as dez regiões do Brasil com maior faturamento médio do setor.
O ecossistema de tecnologia e inovação gerou 67 mil empregos em Santa Catarina, tendo 17 mil empresas na área, 15 centros de inovações e oito parques tecnológicos. Segundo o Tech Report, estudo da ACATE, o estado catarinense é o 6º do Brasil com maior percentual de alunos do ensino superior com cursos voltados às competências de tecnologia, o que mostra que o ecossistema do estado tende a crescer ainda mais no futuro. “O ecossistema está em constante evolução. Estudos assim nos ajudam a tomar decisões baseadas em dados e inteligência, contribuindo ainda mais para fomentar o ecossistema de inovação do país”, pontua Luc Pinheiro, Diretor Técnico do Sebrae/SC.
Projeto Startup SC e sua contribuição para o ecossistema catarinense
Criado em 2012, o Projeto Startup SC é uma iniciativa do Sebrae/SC que tem como principal objetivo fortalecer e acelerar startups do ecossistema em todo o estado. Durante esses 10 anos, o projeto já impactou mais de 110 mil pessoas em ações realizadas nos seus diversos programas, sendo os principais o Programa de Capacitação Startup SC, Meetup Startup SC, Startup Summit, Startup Weekend, Missões Técnicas Internacionais, Jornada Startups em parceria com a ACATE e Inova Startups com a Bossanova Investimentos.
O Programa de Capacitação, principal ação do Projeto Startup SC, tem como objetivo final deixar a startup estruturada, pronta para crescer. Durante os últimos dez anos, 370 startups de 30 cidades do estado participaram do projeto. De 2012 a 2016, as empresas participantes receberam R$ 31 milhões em investimentos, e só em 2016, o faturamento das startups chegou a R$ 43 milhões. Já nos últimos dois anos, foram R$ 2,5 milhões investidos em 50 startups, sendo metade em cada ano, através de edital da FAPESC, e 14 empresas (nove em 2021 e 05 em 2022) participantes do programa com exit (vendidas).
“Nestes 10 anos, o Programa de Capacitação acabou sendo uma forma de ajudar a criar e a construir mais maturidade no ecossistema. A própria visibilidade e crescimento do setor de startups em Santa Catarina vem acompanhado do amadurecimento e do fortalecimento do programa”, explica Alexandre Souza, gestor do Startup SC. “Acredito que ele foi responsável pela interiorização do ecossistema. Por ser um programa estadual, trazíamos turmas de todo o estado para Florianópolis para ter acesso a este tipo de conteúdo, e depois o programa cresceu e passamos a criar turmas em outras cidades, como Blumenau, Joinville e Chapecó. Então, a missão estadual da iniciativa sempre foi cumprida”, acrescenta Alexandre.
Outros programas também possuem número expressivos, como o Meetup Startup SC, com 49 edições e mais de 17.820 pessoas impactadas nos últimos nove anos. O Startup Summit contou, durante suas 5 edições, com um público aproximado de 13.800 participantes presenciais e mais de 76.000 online. O Startup Weekend foi criado em 2007 nos Estados Unidos e em 2011 chegou no Brasil. Após dois anos, o Startup SC apoiou a realização das primeiras edições no estado e de lá para cá, mais de 8 mil pessoas foram impactadas ao longo de 93 edições do Startup Weekend SC. O Startup SC já levou, por meio das Missões Técnicas Internacionais, 77 empresas para exporem em eventos internacionais em San Francisco e Lisboa.
