Em ranking mundial, ecossistema brasileiro é o único da América latina no Top 20
Relatório divulgado pela Compass mostra pontos fortes e desafios dos principais ecossistemas de startups do mundo
Elaborado pela empresa de análise em nuvem Compass, o Startup Ecosystem Ranking 2015 é uma classificação dos 20 maiores ecossistemas do mundo*. O ranking é feito com base em 11 mil pesquisas, 200 entrevistas com empreendedores de 25 países diferentes, contribuições de diversos parceiros de conteúdo, além da ajuda de importantes pesquisadores e instituições mundiais.
* O ranking não inclui ecossistemas da China, de Taiwan, do Japão ou da Coreia do Sul
Para realizar a avaliação de cada ecossistema, foram levados em conta cinco fatores:
– Performance, refente à capacidade das startups de conseguir fundos e adquirir alto valor de mercado;
– Investimento, referente aos investimentos de Venture Capital no ecossistema e ao tempo que uma startup leva para conseguir capital;
– Talento, referente à qualidade de talentos técnicos, à sua disponibilidade e seu custo;
– Alcance de Mercado, referente ao tamanho do PIB de um ecossistema local e a facilidade em atingir consumidores em mercados internacionais;
– Experiência, referente à presença de mentores veteranos ou fundadores com experiência prévia em startups;
O relatório completo possui 153 páginas e pode ser lido em inglês aqui, mas fizemos um resumo sobre os três maiores ecossistemas e também sobre o de São Paulo, que é o único da América Latina a figurar no ranking. Destacamos a situação atual, as recentes histórias de sucesso e os principais desafios de cada um. Confira:
#1 Vale do Silício
Conhecido como a meca da tecnologia global, o Vale do Silício tem entre 14 mil e 19 mil startups e o número de profissionais high-tech varia entre 1,7 milhão a 2,2 milhões. Só as três companhias de maior sucesso têm US$ 1,5 trilhões de valor de mercado e empregam mais de 165 mil pessoas no mundo.
Histórias de sucesso: Apple, Google, Facebook.
Principais desafios: Mesmo o maior ecossistema de startups tem seus problemas, como o difícil acesso a talentos, alto custo de moradias e transporte coletivo insatisfatório. Devido à falta de vistos de trabalho, virou também uma prática comum entre as empresas do Vale montar times remotos em outros escritórios, como em Austin, Seattle, São Paulo e Moscou.
#2 New York
No passar dos últimos três anos, Nova York chegou ao posto de segundo maior ecossistema do mundo, com aproximadamente 7100 a 9600 startups de tecnologia ativas e a segunda maior quantidade de investimentos de Venture Capital captada. Como seu crescimento é recente, a cidade tem apenas 500 mil profissionais high-tech (50% menos do que cidades menores como Austin, Seattle ou Boston).
Graças ao PIB local de US$ 1,5 trilhão e grandes histórias de sucesso, Nova York virou um playground para testar e comercializar todos os tipos de produto. Por isso, é também o ecossistema mais popular para se montar um segundo escritório.
Histórias de sucesso: WeWork, Etsy e Shutterstock.
Principais desafios: alto custo e a disponibilidade de talentos na área de engenharia. Startups de Nova York competem com as maiores companhias do mundo, tanto que seu tempo de contratação de engenheiros de software demora 60% mais do que no Vale do Silício.
#3 Los Angeles Orange County
Assim como em 2012, Los Angeles aparece na terceira colocação do ranking e estima-se que o ecossistema tenha entre 5500 e 8300 startups de tecnologia ativas. A cidade tem aproximadamente 200 mil engenheiros vindos de diversos centros de talentos, como o Instituto de Tecnologia da Califórnia.
Histórias de sucesso: Snapchat, SpaceX, Whisper e Tinder – alguns dos motivos pelos quais investidores andam bem atentos à essa região.
Principais desafios: os mesmos do Vale do Silício – alto custo e disponibilidade de talentos.
#12 São Paulo
Único ecossistema da América Latina no ranking, São Paulo aparece em 12º lugar, superando Moscou, Austin e Amsterdam. A cidade movimenta mais de US$ 2 bilhões no mercado de ações local e seu ecossistema conseguiu subir uma posição desde 2012. Estima-se que entre 1500 e 2700 startups ativas estejam em São Paulo. Seu índice de crescimento é de 3.5, o terceiro mais rápido entre os ecossistemas no top 20.
Em 2014, a capital paulista surpreendeu ao superar Seattle em investimentos de Venture Capital, inclusive vindo de fundos do Vale do Silício, como da Redpoint Ventures e da 500 Startups. São Paulo também ostenta os melhores talentos de todos os ecossistemas empreendedores da América do Sul.
Entre os setores, os que mais se destacam são o eCommerce e o SaaS (Software as a Service). Porém, startups com modelos de negócio inovadores nas áreas de mobile, marketplace e serviços também ganham tração.
Histórias de sucesso: Dafiti, Netshoes e Easy Taxy.
Principais desafios: a menor confiança dos investidores devido à recessão econômica, além dos altos custos, da burocracia e do transporte público deficiente.