Cash In e Cash Out: como o dinheiro entra em empresas investidas
Você se lembra de quando começou a estudar ou ter contato com o termo cash in e cash out? Bom, o mercado de startups está cada vez mais cotado pelo público de investidores: somente nos quatro primeiros meses de 2021, o investimento de capital de risco neste mercado cresceu 187%. Com isso, é natural que os empreendedores busquem conhecimento sobre os temas que tangenciam este mercado de investimentos.
É o caso dos termos cash in e cash out, um dos pontos fundamentais do processo de investimento por se tratar diretamente de como o dinheiro entra nas startups investidas. Neste artigo, abrimos para você alguns conceitos e informações que normalmente ficam subentendidos em anúncios de transações ou investimentos. Continue a leitura e confira!
Como o dinheiro entra nas startups investidas
A entrada de dinheiro em uma empresa investida pode acontecer através de diferentes caminhos. A segurança da negociação, no entanto, deve estar sempre garantida, seja pelo acompanhamento de uma equipe jurídica, seja pela forma como as informações são divulgadas para o público. Por isso, aqui vamos focar somente na teoria, sem exemplificar com nenhum caso real.
Cash in
A opção mais comum de como o dinheiro entra nas empresas é através do lançamento de novas ações, ou seja, o investidor que está entrando compra essas partes e o dinheiro vai para a operação. Esse é o caso do cash in também chamado de “oferta primária de ações”. Esse dinheiro novo, recebido pela venda de ações, pode ir para reforço do capital de giro, aquisição de insumos, reestruturação de dívidas etc. A escolha caberá ao empreendedor e deverá ser feita de forma estratégica.
Cash out
Outra forma possível de entrada de valores via investimento é pela compra de ações já existentes. Como o caso de algum sócio querer vender sua parte em uma determinada rodada, e um novo investidor adquiri-la. Essa seria a “oferta secundária de ações”. Uma característica desse modelo é que o investimento irá remunerar o sócio que está saindo, alienando sua participação societária.
É muito raro que o investidor aporte seu capital totalmente como cash out, ou seja, comprando apenas ações de um sócio antigo. É mais comum fazer uma mescla entre as duas modalidades de cash in e cash out: comprar ações de investidor que está saindo e também ações novas.
Um ponto de atenção com relação ao cash out é a imagem que fica para novos investidores em potencial. Isso porque, estes possíveis interessados verão que os primeiros sócios – fundadores ou sócios das rodadas de investimentos anteriores – estão deixando o negócio, mostrando pouca ou nenhuma confiança no futuro da startup. Se o empreendedor acredita no que está propondo, por que venderia suas ações?
Este é um ponto que deve ser bastante observado dentro da sua startup caso você esteja em processo de angariar investimentos.
Além do cash in cash ou, há ainda outras formas da entrada de novos investidores na startup. Mas antes de escolher qual você irá realizar, conheça também a Dívida Conversível e a Compra de Ações Futuras.
Dívida conversível
Nesta modalidade, o dinheiro entra na empresa e é apropriado pela contabilidade como uma dívida (passivo), que pode ser convertida em ações, mediante determinadas condições em algum evento futuro. Seja uma nova rodada de investimento, ou a própria venda da empresa. O instrumento mais comum é a debênture conversível, um tipo de título de crédito usado por empresas no mercado de capitais.
Contratos de opção de compra de ações
Nesse último caso que trazemos como exemplo, o investidor paga por uma opção de comprar ações da empresa no futuro. Ou seja, ele não entra no quadro societário da companhia, mas tem o direito de, mediante a sua própria vontade ou um evento específico, comprar ações da empresa por um preço pré-determinado. Dessa forma o recurso entra na empresa e o investidor pode decidir, se as coisas correrem bem, se vira sócio mesmo ou não.
Para cada situação e tipo de investidor existirá um mecanismo mais adequado. Nunca deixe de consultar outros empreendedores que já passaram por situações semelhantes. Além disso, é muito importante ler e entender todas as cláusulas dos contratos de investimento antes de assinar.
A importância de definições contratuais para cash in e cash out
Dentro de relações de investimentos e entrada de dinheiro nas empresas é preciso sempre que os sócios e os investidores estejam resguardados por instrumentos jurídicos válidos. As negociações envolvem aspectos sensíveis que não podem ser ignorados. Confira a seguir alguns exemplos.
Diluições
Nas modalidades cash in e cash out haverá diluição do capital dos sócios existentes, ou seja, redução da participação percentual de um sócio dentro da sociedade. No cash in, os acionistas anteriores continuam com a mesma quantidade de ações, mas passam a ter um pouco menos percentualmente em relação ao total. Isso porque o volume total de ações aumentou com a chegada do novo investidor.
Na operação cash out, onde um investidor compra ações do outro, funciona de forma mais simples. Já que elas apenas serão transferidas, não há mudanças no valor total das ações. Dessa forma, não há diluição, já que o dinheiro é depositado diretamente para o acionista antigo, não passando pelo caixa da empresa.
Porém, vale ressaltar que se algum dos investidores tiver um “acordo de não diluição”, não sofrerá nenhuma redução na sua participação dos investimentos. Continuará sempre com o mesmo percentual do total. Já aqueles que não tiverem esse acordo descrito em contrato, receberão os futuros aportes com o desconto das ações, proporcional às novas que entraram.
Há diluição também em cada etapa de investimento da startup. Por exemplo, a cada rodada entram e saem novos investidores, e por isso, há a mudança na participação do negócio. O que importa é que o empreendedor founder deve ficar com a maioria das porcentagens.
Essa é a única forma de manter o negócio através de todas as etapas de investimentos. Pois, se ele tem pouca, poderá desistir da empresa por qualquer outra oferta, vendendo a mesma.
Follow-on
Além do “acordo de não diluição”, há a possibilidade dos investidores realizarem um Follow-on, que permite que o aporte de capital seja no valor equivalente às ações que estaria cedendo. Dessa forma, ele manteria o mesmo percentual da participação após a entrada de um novo investidor.
O assunto de cash in, cash out e outros modelos de entrada de verbas em startups investidas, e até mesmo de processos de investimento em startup é bastante complexo e envolve diferentes variáveis.
Para entender mais sobre este universo, o Investidores VC, em parceria com o Startup SC, disponibilizam um infográfico com dicas do Amure Pinho sobre investimentos anjo. Além disso, confira mais conteúdos sobre este e outros tema no blog do Startup SC!